Empresários do sertanejo acusam Corinthians de calote milionário após negociação com Vai de Bet
Investigação, que causou a saída de Augusto Melo da presidência do clube, apura desvio de dinheiro de um contrato entre a empresa de apostas e o time paulis...

Investigação, que causou a saída de Augusto Melo da presidência do clube, apura desvio de dinheiro de um contrato entre a empresa de apostas e o time paulista. Testemunhas do caso Vaidebet x Corinthians dão entrevista pela primeira vez Um calote milionário que pode ter provocado uma das fases mais caóticas da história do Timão. O Fantástico entrevistou os empresários da música sertaneja Toninho Duetos e Sandro dos Santos Ribeiro, que falaram pela primeira vez. "Não existiria Corinthians e VaideBet se a gente não tivesse feito esse encontro. Sabia que teria comissão, (...) ninguém faz nada de graça", afirma Sandro. Segundo o empresário, até hoje, eles não receberam nenhum valor. Toninho e Sandro são testemunhas de uma investigação que apura o desvio de dinheiro de um contrato entre a empresa de apostas VaideBet e o Corinthians. A VaideBet não é investigada. O caso foi mostrado no Fantástico. Entenda a história Em 2023, o Corinthians fechou um dos maiores patrocínios da história do clube – 360 milhões de reais. Uma empresa de marketing receberia 25 milhões de reais de comissão. Segundo a polícia, essa empresa não participou da negociação e não teria direito à comissão. Logo que foram transferidos 1 milhão e 400 mil reais para a empresa, vieram as primeiras denúncias. O dinheiro foi parar em várias contas – algumas de laranja. Um ano e meio depois, Sandro e Toninho contam em detalhes como começou toda a confusão. "O Andrezinho ligou, que é um dos donos da Vai de Bet, perguntando se eu tinha um contato no Corinthians, porque todo mundo sabe que eu tenho contato com muita gente", conta Toninho. E Sandro acrescenta: "O Toninho me falou: 'olha, aciona aquele amigo seu do Corinthians. O André tem interesse em patrocinar um clube de futebol', que é o nosso trabalho, né? Intermediações, vendas. Vamos intermediar o patrocínio entre VaideBet e Corinthians. E aí eu marquei essa reunião em São Paulo". Sandro chegou a contar como estavam sentados os presentes na reunião. "Na sala tinha cinco pessoas, eu, Marcelo [Mariano], ao meu lado, na minha frente, o Augusto Melo, André da VaideBet e o Toninho na ponta da mesa", lembra. Segundo o empresário, todos os presentes na reunião estavam cientes da comissão que a empresa dele, a intermediadora, receberia. "[O contrato seria feito] pela minha empresa, o contrato de quem estava fazendo a intermediação e a qual ia ganhar a comissão de 7%, que é o de praxe. [Quando] você vende uma casa, você tem o corretor, ele tem que receber a comissão dele. Inclusive o corretor que não recebe sua comissão, pode acionar a justiça", diz Sandro. Sandro e Toninho contam que, numa pausa da reunião, ficaram na sala só Augusto Melo e Marcelo Mariano – diretor administrativo do clube. Na volta, Augusto se despediu e foi embora. A reunião continuou com Marcelo Mariano. "Aí já mudou totalmente o contexto, eu questionei, 'tá, a comissão agora, como que vai funcionar? Vai colocar no contrato? Nós vamos fazer um outro contrato à parte? Como que vai funcionar?' Quando eu fiz essa pergunta, ele me respondeu, olha, essa comissão ela tem que passar por empresa já cadastrada no Corinthians", lembra Sandro. "Achei estranho. Na hora, eu questionei, fiquei nervoso. Aí eu falei: 'Não tem lógica. A gente está aqui debatendo? E simplesmente nós vamos passar para outra empresa? O inquérito deixou bem claro que nós somos os verdadeiros intermediários", continuou. Para a polícia e o Ministério Público, a outra empresa foi usada apenas para lavar e desviar o dinheiro da comissão. O advogado Lélio Aleixo, que defende Sandro Ribeiro, explica como funciona o pagamento de comissões de acordo com a legislação vigente atualmente no Brasil. "A prática de mercado diz que são os recebedores do patrocínio que fazem o pagamento dessa comissão. O contexto do inquérito deixa claro que o Corinthians seria o responsável por fazer o pagamento", explica. O que dizem os envolvidos Em nota, o Corinthians disse que é vítima de uma fraude e que, se for acionado a arcar com qualquer prejuízo, irá se defender em todas as esferas cabíveis. O Fantástico também conversou com Augusto Melo, presidente afastado, com o advogado de Marcelo Mariano, diretor do clube. Melo afirmou que nunca conversou com a dupla sobre uma comissão envolvida no acordo. A defesa de Mariano também disse que "em nenhum momento foi tratado de comissão para seu Sandro e Antônio e, portanto, nada é devido para esses senhores". O Corinthians vive um momento de muita tensão. No início do mês, torcedores invadiram o Parque São Jorge para exigir mudanças na política e na administração do clube. 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